hátemporais


                São necessárias mudanças, no modo de agir, de pensar, de falar, de sentir. É preciso transformar. Parar. Pare. Voltar as origens e ver e procurar e encontrar aonde começamos a pensar como pensamos agora. Como será que começamos a sentir como sentimos agora?
                Revolução de 60. Paz de 70. Estabilização de 80. Estagnação de 90. Nada de 10.
                Pertenço a geração vazia, a geração do nada.
                Sou nostálgica, eu e mais alguns. Alguns poucos. Vejo no que não vivi. Reproduzo o que não vi, mas imaginei. Aspiro o que não conheço, além de não saber real. Não só eu. Eu e mais alguns. Alguns poucos.
                Hoje. Não escrevemos, produzimos. Não lemos, conhecemos. Não conversamos, comunicamos. Não vivemos, somos.
                Perguntas. Produzimos o que? Conhecemos o que? Comunicamos o que? Somos o que? O que somos?
                Hoje. Queremos o amanhã o futuro o new a rapidez a santa modernidade.
                Eu. Quero o ontem, o passado, o vintage, a calma, a tradição santa. Não só eu. Eu e mais alguns. Alguns poucos.
                Retrógado... Retrógrados... Nostálgico... Nostálgicos... Críticos!
                Hoje. Falamos de amor efêmero, descartável. Falamos de política superficial, imediatista. Falamos de inteligência esperta, malandra. Falamos do que não sabemos, não aprofundamos, não interessa.
                Eu. Procuro o amor real, eterno. Procuro a política real, funcional. Procuro inteligência real, sábia. Procuro o que não vejo, não sinto, quero saber. Não só eu. Eu e mais alguns. Alguns poucos.
                Não faço nada... Não fazemos nada... Sou igual... Somos iguais... Deslocados!
                Eu. Não só eu. Eu e mais alguns. Alguns poucos. Somos errados no tempo, nascemos, permanecemos e existimos aonde não pertencemos, não conhecemos, não sentimos, não vemos, não encontramos. Simplesmente não somos. Somos estranhos. Aberrações?
                Sou fora do tempo... Somos errados na hora... Sou estranha a realidade... Somos de outro lugar... atemporais!

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Texto do dia: 12/11/10
À Carol, Guilherme e Mauro, que fazem parte desses "alguns poucos".

Abraços pessoal.
Fiquem em paz.