Uma resposta

Para Letícia Rocha,
A que questionou.
Para ler ao som de
Samba da Benção
De Vinicius de Moraes.
Por que há os desencontros?
Já me disse o poeta “A vida não é brincadeira, amigo. A vida é arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida”. Se não fosse pelos desencontros não teríamos a graça de ganhar ou glória de perder. É assim, imagine só se o limão fosse doce, não teria graça, perderia o desafio, seria uma laranja. Seria uma laranja verde. Perderia sua identidade. A vida se fosse só de encontros, sorrisos e chegadas, seria doce de mais, não teria o desafio. Perderia a graça. E mesmo com a vida, todos os dias colocando na nossa frente obstáculos para quebrar a rotina, ainda há gente que não vive. Ainda há gente que desiste. A verdade é que quem gosta de viver, gosta também dos seus desencontros, porque no exato instante que tudo começa a dar certo, é nesse momento que tudo começa a perder um pouco da graça. É quando o limão começa a ficar doce. Eu sei que às vezes dói. Às vezes o limão azeda tanto, mais tanto, que dói a mandíbula, mas quando tudo fica doce dói também. Lembra? A doçura da vida quando se perdura incomoda. Incomoda porque nos torna vazio, porque nos tira as forças. Enjoa. Simples assim, o limão quando fica doce, cansa. Ninguém tem vontade de engolir um doce de uma vez por todas, a gente quer saaaaboooooreeeeeaaaar, a gente quer que deeemoooooooreee. E no fundo a gente torce para acabar, só para poder reclamar que acabou. O azedo não, o azedo a gente manda logo pra dentro com tequila. A gente faz de tudo pra não sentir, mas sente. E quando a gente sente, vê que na verdade nem é tão ruim assim. O azedo só existe para gente não enjoar do doce. E o doce só existe pra quebrar a rotina do azedo.
No fim tudo é fútil. O doce. O amargo. O encontro. O desencontro. Se tudo vai bem. Se tudo vai mal. Se temos tudo. Se não temos nada. No fim queremos o que não temos e quando temos queremos o que não temos e quando temos queremos o que não temos. Tanto faz. Eu gosto de tequila.

3 comentários:

  1. Nunca tive o doce por completo, o azedo nunca foi absoluto, sempre vivi no misto. Tediosamente, busco o paraíso das formigas; hora a busca é tediosa, hora é frenética. Por dádiva superior, ou por acaso, se eu vier a conquistar o extremo que busco, poderei sentir e te dizer, se concordo com tua opinião ou não.

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  2. Roubarei a ideia do milhão de comentários assim que possível.

    Mas veja...

    Não há como ser imensamente feliz sem que em algum instante não seja imensamente triste. Esse intervalo entre um e outro é que dá a real consciência do que se pode ter, do valor que se atribiu, do que se sente.

    As vezes não me aguento por ser morno, fico ranzinza, por não ter felicidade e tampouco tristeza. Fica como resultado para tudo, a indiferença.

    Beijo no pé!

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  3. na verdade a gente quer é se misturar na vida com ou sem limão. é viva esse poder viver!

    abs e bom post!

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